Lehgau-Z Qarvalho
Sim, arrancava-se a própria alma com uma violência tão doce que poderia deixar de ser ele próprio, sem um mínimo de vestígios, para ele próprio. E comia, todo dia, o pão dormido das velhas novidades. E alimentava-se de sonhos mal resolvidos; e que de tão improváveis, tornar-se-iam realidade.
Sim, possuía algumas microcertezas. Tanto quanto lhe era razoável conceber, possuía. E perambulava sonâmbulo em meio às rotinas acinzentadas; e em cores. E balbuciava pequenas loucuras para si, concluindo que não há conclusões possíveis. E balbuciava-se. E desentendia-se. E reacendia-se. E temia-se. Temia pelo preço da felicidade. Temia pela ânsia de querer viver, e suas conseqüências. E temia pela possibilidade de tornar-se um mendigo. E pela possibilidade de tornar-se rei. E pela possibilidade de continuar a ser quem era.
Temia, também, porque sabia que temer é existir. E existir é fausto; para poucos. E, sabia, não há como viver sem existir.
Sabia, então, sabia, que às dúvidas, mesmo estranho podendo parecer, tinha, sim, à elas, só que agradecer.
segunda-feira, agosto 27, 2007
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