domingo, setembro 09, 2007

Das despedidas

Lehgau-Z Qarvalho


E acreditava que as despedidas devem ser sempre feitas com paixão. Despedir-se não é um ato qualquer. Em especial quando se tem algo a dizer. Algo a sentir. Restos de sentimentos, de profundos abismos ou não (quem possui a real dimensão sobre uma coisa dessas?!). O ato de despedir-se deve ser coroado de luzes, sombras e breus. Deve ser mastigado, deglutido e defecado. Despedir-se deve ser lindo, intenso e sensual. Pode-se nunca mais ver o outro. Pode-se perder o contato. Pode-se perder, e perder, e perder. Pode-se, também, enganar alguém, ao despedir-se. E pode-se engambelar a si próprio.

É bom não nos apegarmos ao que não podemos ter. Uma questão de sobrevivência, até. Questão essa que a razão domina, porém a alma não possui controle algum. Por ser perene.

Mas o que não podemos, em hipótese alguma, é esperar que o que podemos ter, ou o que já possuímos, entenda nossas razões. O que realmente não podemos é magoar quem nos ama (mesmo que isso pareça fazer parte do jogo).

Jogadores tornam-se invariáveis compulsivos. E começam a perder quando menos esperam. E, quando se dão conta disso, o jogo já acabou para eles. E eles nem notaram. Cegos que estão com seus métodos para tentar possuir, por vezes, o que já possuem. E não se dão conta. Cegos que estão. Para o seu e para o outro coração. E são sempre lastimáveis os resultados. Para todas as partes. Mas a vida ensina a viver. A dor ensina a gemer. O jogo ensina a perder.

E as despedidas seguem por outras bandas também. Nem sempre voluntárias de ambos os lados.

Ah, as despedidas. Tomam o nosso tempo. Consomem nossos pequenos ares de dentro dos pulmões. Acabam com a flora intestinal. Consomem-se em sucos gástricos no interior de órgão vazios. Provocam a azia e a má digestão dos sentimentos. E as dores de cabeça e as de peito. Quando involuntárias, é claro. E quando voluntárias também.

Sim, as despedidas. Devem ser curtidas?! Já se pergunta com estranheza, agora.

E indo além, não há certezas possíveis a respeito do ciúme (como não há sobre quase nada da natureza humana). Os sinais podem parecer evidentes: “quem ama sente ciúme!”. Mas pode ser apenas insegurança pessoal; doentia possessão; paranóia; esquizofrenia; automutilação; boicote da própria alma; masoquismo; privadas entupidas; ou lâmpadas queimadas. Ou o que mais vier à mente, capta.

Será saudável provocá-lo?! O tempo pode possuir a resposta. Ou ela pode nem existir. Porém, quanto às conseqüências... Bem, só os jogadores conhecem. Mas só quando se dão conta.

Sim, e... Quanto às despedidas?! É... Pensa mais um pouco, coça a cabeça... Respira fundo e arrisca: que se f... Curtam, então! A vida é rala para quem não acredita. Funga... Coça o nariz... Esfrega os olhos... Ergue-se da cadeira... E desaparece na noite de sábado.

Um comentário:

Jana disse...

tudo depende, já me despedi com todos esses sentimentos, assim como já virei as costas e dei adeus, sem nada sentir...

beijos