sexta-feira, agosto 24, 2007

Ênclises

Lehgau-Z Qarvalho


E ele sentou-se em frente ao seu PC, e implorou por outra vida. E, de repente, ela veio. Linda; poética; profunda. E ele agradeceu às leis da atração e do desejo sem fronteiras. E ela foi como um sonho mágico. E tocaram-se; e cederam-se; e amaram-se como só em sonhos é possível. Só nos mágicos. E, tanto quanto ele a possuía, entregava-se. E sonhavam-se. E comiam-se. E respiravam-se. Bebiam-se como se a última gota na face da terra fossem. E suavam-se e lambiam-se para continuar a matarem-se as sedes. E escreviam-se. Ah, como escreviam-se!
E abusavam das exclamações!!! Interrogações? Quase nada. Necessitavam-se. E descobriam-se a cada sílaba, a cada léxico. E reinventavam-se todo o dia. E rezavam-se para serem-se apenas um. E interiorizavam-se. E desenhavam-se, tanto com a língua culta, quanto com os erros gramaticais e os neologismos. E aguardavam-se. Sedentos. Ensandecidos de si mesmos. E não faziam planos para o futuro; porque nele já estavam. E entendiam-se sem os códigos; namoravam-se em seus estômagos. E vislumbravam-se sem medo. Luziam-se. E escutavam-se como se divinas melodias fossem; e eram. E emocionavam-se; ah como emocionavam-se. Liquefaziam-se até. Amavam-se; sim, amavam-se! E tinham sorte; muita sorte. Toda a sorte do universo. E pertenciam-se. Ah, como pertenciam-se...

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