sexta-feira, outubro 10, 2008

Decifro-me, ou me demoro

Lehgau-Z Qarvalho

Alguém, outro dia, me dizia que a vida é feita da mais pura utopia. Eu queria acreditar, reciclando medos em vontades extremas. Queria viver dentro de um livro, com o
afeto de quem eu criava para o convívio. Queria não estar triste sem saber por quê. Queria mais é saber. Queria não ter sono para escrever. Queria dormir sem ter o que fazer. Eu queria um pouco de iogurte. Queria viajar para bem longe. Queria saber onde. Queria ser azul quando queria. E amarelo vivo em dias de entropia. Queria porque queria. Carregava a mim e mais eu para um lugar só meu. E dos outros, uma pitada; de apreensão. Queria me ajudar a ajudar a mim mesmo. Queria ser mais eu. E menos eu, eu e eu. Queria ser meio tu; mais nós. E desembrulhar o pacote das coisas que já não me faltam, e ser mais compreensivo com o que eu teria de fazer, mas não faço. Não sou pó nem aço. Nem um óleo para passar em meu peito e virar em defeito tudo aquilo que me faz mais perfeito. E por que não me deito?! Me deleito?! Eu perdi; não fui o eleito. E me conformo com isso; de não me conformar. E devia era pegar ou largar. Como quem se atira do primeiro andar, só para ver no que vai dar.

Eu estou quase sem respirar. Mas ainda imploro que me saia pelos pêlos poros. Se me faço de mim eu melhoro. Se não, não que eu choro.

Perdido de mim em ti, me calo, me melindro, me devoro.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara tu é muito bom... Parabéns pela obra construída com letras que se somam e resultam na revelação da tua sensível inteligência emocional.
Rogério Feijó

Alexandre Carvalho disse...

Agradecido, pois!
Que apareças sempre...

Há braços! 8)*

Pensamentos Escritos disse...

Uma boa obra, é reconhecida, quando somos transportados para dentro dela, fazendo-nos vivencia-la.
Uma obra impar, é quando o autor consegue transmitir em palavras, todo o nosso (meu) interior.
Assim penso...