quinta-feira, junho 05, 2008

Lívia e os tempos

Lehgau-Z Qarvalho

Não acreditava em um tempo uniforme. Pensava existirem tempos diversos e paralelos. Em conversas com Lívia, fazia-a crer que em um dos tempos poderiam, eles, encontrarem-se; em outros, não. Em uns, estarem juntos, em perfeito contato e interação; em outros, não. Em uns freqüentarem-se ávidos; em outros se cruzarem eventuais pelas ruas, sem nem ao menos se notarem; em outros, ainda, não. E em alguns sequer existiriam. Ou apenas um, ou apenas outro. Em uns, inclusive, poderiam ir, um, ao funeral do outro. Em outros: um enviar felicitações pela chegada ao mundo do outro. Em outros, não. Em uns poderiam ser arrebatados incontestáveis; em outros, inimigos mortais. Em uns saber-se-iam amantes; em outros, casados; em outros, as duas coisas, porém sem o saberem. Em uns voariam leves, livres, sinceros, perversos; em outros, presos, um, outro, pela mão. Em uns seriam ar, loucos, lépidos, felizes; em outros, chão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Existe um lugar onde todos os tempos se encontram, se unem, e deixam de existir, passando a ser atemporais...
http://comunicatudo.blogspot.com/
marcelo damico