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Jazzcontínuo
Exposição de desenhos de uma só linha
por Alexandre Carvalho
Nas artes visuais, um dos conhecimentos mais antigos do ser humano, existem unidades mínimas que constituem base para a expressão de um “objeto visual”. Teorizadas na matemática, na Gestalt (teoria da forma) e aplicadas direta e/ou metaforicamente em quase tudo que é visível/palpável, o ponto, a linha e o plano costumam ser apreendidos pelo cérebro como uma coisa só, sendo suas características estruturais individualmente percebidas só quando pensamos nelas. A música, por sua vez, também possui suas unidades mínimas, igualmente decodificadas, a princípio, como um todo.
A mostra de desenhos de Alexandre Carvalho é fruto de estruturas desnudas: formas constituídas de uma só linha criadas “sob efeito de Jazz”.
Alexandre Carvalho, porto-alegrense, jornalista de formação, ilustrador, escritor, roteirista e autor de quadrinhos é, acima de tudo, um experimentador. Tem encantamento pela possibilidade técnica, assim como desenvoltura para explorá-la. Tem um tédio que norteia seus processos “faço até encher o saco” e em Jazzcontínuo apresenta os primeiros passos da construção de uma linguagem que se expande através da linha.
Seus retratos criados a partir de uma referência partem de um ponto, de uma nota musical, um tempo ou compasso e só são finalizados quando a linha única deu tudo de si. A caneta a nanquim não se solta do papel até que expressões, rugas, olhares, espíritos estejam representados. Alexandre ultimamente decidiu sair pra rua, na captura de referências não estáticas para desenhar. Seu trabalho ruma para o improviso, a resolução de problemas advindos do desenho de observação rápido e começa a se configurar no universo narrativo dos quadrinhos. Como no Jazz, naquelas sensações de que a música irá subir e subir até que exploda na obrigatoriedade de se gritar, o artista corre, descansa, caminha no rumo de uma linha de nanquim.
Bibiana Pereira
Curadora
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