sexta-feira, abril 20, 2012

Entrevista com o ator de HQs, Edison Thomas

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Entrevista com o ator de HQs, Edison Thomas – protagonista de “Sexta 13”, uma HQ do escritor e diretor de HQs, Alexandre (Z HQ) Carvalho.


Edison Thomas é muito mais do que um rostinho iluminado no mundo das histórias em quadrinhos. O ator começou sua carreira como modelo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e da AES Sul. Em seguida protagonizou campanhas e comerciais da Osram, Philips e General Eletric; conseguiu a tão sonhada independência financeira, e agora realiza sua maior vontade, a de atuar. Entre os estúdios de gravação de comerciais e os estudos de atuação para HQs, Edison conheceu o diretor Alexandre (Z HQ) Carvalho, e foi nesse encontro que o maior desafio profissional do ator aconteceu. Ele acabou sendo, logo de saída, o protagonista de uma HQ tensa e profunda que trata do mais íntimo da alma humana, a HQ “Sexta 13”. Em entrevista ao blog Tango Rock’n Roll, o ator contou como mudou o rumo da sua vida profissional, como foi o primeiro contato com o escritor e diretor de HQs Alexandre (Z HQ) Carvalho, como foi fazer o protagonista de “Sexta 13”, e falou sobre seus planos para o futuro.




Tango Rock’n RollVocê começou como modelo e virou o protagonista da HQ “Sexta 13”, do escritor e diretor de HQs Alexandre (Z HQ) Carvalho. Conte um pouco sobre esse seu início de carreira como ator?

Edison Thomas – Eu sempre fiz teatro. Depois comecei a trabalhar com moda e com campanhas publicitárias porque queria ser independente, e a moda e a publicidade eram a possibilidade de eu obter o que queria. Eu estava indo muito bem, até que apareceu essa coisa toda política e ecologicamente correta de economizar energia, e os filamentos foram deixados de lado.


Tango Rock’n RollComo foi seu primeiro contato com o diretor Alexandre (Z HQ) Carvalho? Você já conhecia o trabalho dele?

Cenas da HQ "Sexta 13", de Alexandre (Z HQ) Carvalho

Edison Thomas – Conhecia o trabalho dele já, sim. Eu tinha ouvido falar sobre atuação em HQs e andava muito interessado no assunto. Aí um amigo, sabendo disso, me apresentou para o Alexandre, que no dia estava procurando atores para a sua próxima HQ. Foi super legal; conversamos muito a respeito do mundo das histórias em quadrinhos, da literatura, do cinema, da música, das animações e das artes visuais em geral. Foi aí que rolou um “flow” e que vimos que tínhamos afinidades culturais e artísticas muito intensas. A partir disso, começamos a trabalhar juntos.




Tango Rock’n RollQuando o Alexandre lhe mostrou o roteiro da HQ e como se encaixava o seu personagem na história, qual foi a sua primeira impressão?

Edison Thomas – Eu gostei, gostei muito! Justamente porque achei que seria um desafio que eu tinha mesmo de enfrentar: mostrar o meu trabalho para um público maior, pois o teatro não atinge tanto público quanto as histórias em quadrinhos.


Tango Rock’n Roll“Sexta 13” fala de alma, de física quântica, do encontro consigo mesmo e até de realidades paralelas; ou seja, acaba, de maneira sensível, sutil e até divertida, tratando de assuntos muitos profundos. Para você qual foi o maior desafio desse trabalho?

Edison Thomas – O meu maior desafio foi não pensar, mas sentir o personagem e o roteiro. Alexandre costuma falar que só começou a gostar de Borges (Jorge Luis Borges, escritor argentino) quando passou a não mais interpretar racionalmente o que ele escreveu, mas quando passou a sentir os escritos dele. E esse foi o meu maior desafio: sentir, ao invés de racionalizar o texto de “Sexta 13”.


Tango Rock’n RollQue tipo de preparação você teve para lidar com esses temas e conseguir interpretar o personagem?

Edison Thomas – Na verdade não me aprofundei muito nisso. Apenas deixei rolar. Deixei fluir a minha intuição e os meus sentimentos. É assim que o Alexandre gosta de trabalhar: tudo muito solto, tudo muito intuitivo, tudo muito fluido. “Sexta 13” é uma história que podia acontecer com qualquer pessoa. E depois de eu estar totalmente envolvido no projeto, e de contar a história para amigos, e para amigos de amigos, várias pessoas vieram conversar comigo expressando que já haviam vivido situações parecidas.




Tango Rock’n RollAntes de ter essa aproximação com esses assuntos, você já tinha alguma opinião formada sobre eles?  Sua opinião mudou depois do trabalho em “Sexta 13”?

Edison Thomas – Aprendi com esse trabalho que opinião é algo totalmente mutável, então prefiro não ter mais uma opinião fechada sobre as coisas. Foi isso que mudou para mim. Na HQ eu não quis levantar nenhuma questão, eu estava ali para contar a história mesmo. Mas quando se é ator de HQs, você acaba, de alguma forma, interferindo na vida das pessoas. Eu estou o tempo todo ciente disso. Ciente, principalmente, da importância do meu papel (risos), sem trocadilhos infames, e da luz, outra vez sem trocadilhos infames (mais risos), que emana de mim para o público.


Tango Rock’n RollDe onde vem essa história de HQs com atores, e como é ser ator de HQs?

Edison Thomas – Por muito tempo as HQs foram dominadas apenas por desenhos; e foi o Alexandre (Z HQ) Carvalho que inventou essa coisa de HQs com atores, misturando as antigas fotonovelas com a coisa das HQs tradicionais, desenhadas. Ele está montando em sua própria casa uma fábrica de atores para HQs. Ele passa as madrugadas inteiras desenvolvendo métodos e moldes para todo o tipo de atores de HQs. E ele aproveita tudo que vê na frente: papel, sucata, embalagens usadas, roupas velhas dele mesmo e até peças de eletrodomésticos danificados. E as histórias, às vezes, são criadas a partir dos atores, e não ao contrário como acontece geralmente no teatro, no cinema e na televisão. Quanto a ser ator de HQs, só posso dizer que me sinto fazendo parte de algo muito novo e apaixonante.


Tango Rock’n Roll – E para o ator de HQs Edison Thomas, o que vem pela frente?

Edison Thomas – Eu estou trabalhando em três novos roteiros de HQs de autoria do Alexandre (Z HQ) Carvalho. E estou muito feliz e satisfeito com isso.




Tango Rock’n Roll – E do que é que tratam esses roteiros, se é que você pode falar a respeito?

Edison Thomas – De um deles, posso sim. Já estou autorizado. E é o que está me deixando mais absorvido. Penso nele o tempo todo. Tudo começa assim: durante muito tempo acreditou-se que a menor partícula de uma célula, o átomo, era feito de matéria. Depois se descobriu que, de fato, a maior parte de um átomo era formada por vácuo; e que só o núcleo seria composto de matéria. E depois, através do uso de microscópios eletrônicos muito potentes, verificou-se que o núcleo de um átomo é apenas energia condensada. Não é matéria. E se tudo que existe no mundo “material” é feito de um conjunto de células, e estas são feitas de átomos, e se um átomo de qualquer coisa não é material, então nada é material, tudo é vibração, tudo é feito de energia condensada, inclusive nós...


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