sábado, maio 16, 2009

Storyboard




Lehgau-Z Qarvalho

Cinco e meia da tarde. A cidade dourada. Luzes de outono. Um tempo sem escrever. Um mês. A sensação a retornar. Um lapso apenas. Um flash. Mais que um flash; uma luz de geladeira. Trânsito interno acelerado. Por fora: torpor. Sensação de agradável desconforto. Uma coisa meio de estar a enlouquecer; e a temer e a querer. Na cidade dourada tudo é sentimento. As imagens passam em filme Super-8. Agora em dezesseis milímetros. Quase o trinta e cinco de outrora. Dizem que a vida dá voltas. Isso deve significar que, de tempos em tempos, chega sempre ao mesmo ponto. Triste e bom a um só tempo. Não ir adiante; mas aplacar saudades. E outras coisas. Olhando para o alto; os prédios são como imensas barras de ouro. A cidade ensaia ter valor. A cada olhar um quadro. Horizontes; verticais. Cores de Moebius; paisagens de Almodóvar. Tudo em quadro. Quadro a quadro. A repassar o storyboard. Os desenhos são perfeitos; até a exaustão. Virando à esquerda aqui, passando à direita acolá; um trânsito maciço; de uma sexta-feira qualquer. Um homem pensando em uma mulher.

3 comentários:

Linda disse...

Noturnamente falando: um maravilhoso momento... :)) Nem o trânsito maciço de uma sexta-feira pode atrapalhar...
Beijo

Anônimo disse...

E sobre as "Cores de Moebius; paisagens de Almodóvar", o melhor storyboard de todos os tempos... O traço preciso de mente preciosa... (Santa Efigênia!!)...

Ana Lúcia Pompermayer disse...

Ora, que bom, novamente passando a língua em tudo; extrapolando o senso! Ordenhando o caos?
Bom relê-lo, sr. L!(ou Verne? Ou Z? Ou não?)