quinta-feira, novembro 23, 2006

Esquinas

Lehgau-Z Qarvalho


Desembarquei do ônibus bem na esquina. Esquina esta que nada me dizia. Apenas uma esquina como outra qualquer. Fiquei ali parado por quase meio dia. Meus cigarros haviam acabado. Então fui até uma tabacaria que ficava na outra esquina. Igual a essa em que me encontrava. Como todas as outras. Fiquei ali o tempo de três cigarros e, como não tinha nada melhor para fazer, caminhei lento até a outra esquina. Não a primeira esquina, de onde desci do ônibus, nem a segunda, a da tabacaria, de onde acabara de sair, mas a terceira esquina. Como todas as outras. Uma esquina qualquer. Ali esperei a noite chegar. Não tinha fome nem frio. Apenas mais um cigarro e, já de madrugada, cheguei até a esquina. Não a segunda nem a terceira. Nem a quarta, de onde havia partido há mais de meio século. Mas a primeira esquina. De onde desembarquei do ônibus ainda de manhã. Aquela que nada me dizia. Como todas as outras. Uma esquina como outra qualquer.

Nenhum comentário: